domingo, 31 de maio de 2009

Mulheres no mundo dos homens

Texto
HELENA OLIVEIRA


Se o leitor é do sexo masculino, não utilize já o pensamento analítico e racional para não ler o que se segue. Se é do sexo feminino, utilize a intuição e análise qualitativa para se rever e avaliar as situações abaixo descritas. Aliás, para bem da sociedade em geral e das empresas em particular, convidam-se homens e mulheres a ler e a discutir a temática em causa… Em conjunto.
O tema já foi exaustivamente discutido em inúmeras teorias da gestão e a verdade é que homens e mulheres, como seres geneticamente diferentes, possuem estilos de liderança distintos. E as mulheres de hoje sabem que têm de partilhar o espaço empresarial com os seus pares masculinos e, como afirma o psicólogo Timothy Leary, “as mulheres que procuram ser iguais aos homens têm falta de ambição”.
No dia-a-dia, a verdade é que existem ainda alguns preconceitos e obstáculos que podem funcionar como agentes impeditivos para que as mulheres atinjam lugares cimeiros na escada empresarial. E se há já muitas que o conseguem, apesar de sacrifícios muitas vezes não confessados, o sistema ainda masculinizado da gestão permanece castrador e impede, em muitos casos, a tão almejada igualdade de oportunidades para se atingir o topo.
A investigadora espanhola Nuria Chinchilla, autora de “A ambição feminina” e, mais recentemente, de “Donos do nosso destino”, é especialista na triangulação família, empresa e esfera social, afirmando que só através da conciliação destes três vértices será possível existir uma sustentabilidade da nossa sociedade.
Para a investigadora do IESE, um dos principais problemas que se colocam em particular às mulheres, é o facto de “não termos tempo nem energia para construir famílias”. Nuria Chinchilla é peremptória na resposta que dá quando lhe perguntam “qual o melhor momento para se ter filhos”: “já!”, responde sem hesitar. Mas não se esquece de enumerar os principais obstáculos que impedem, muitas vezes, as mulheres de tomarem essa decisão que, amiúde, são os mesmos que obstam ao desenvolvimento profissional feminino.

TECTOS VÁRIOS E O “HORÁRIO RELIGIOSO”
Para Nuria Chinchilla, não há um, mas dois tectos que impedem as mulheres de alcançarem a “penthouse” profissional. O de cristal, que encerra em si o escasso apoio existente, tanto em casa como no trabalho, e o difícil acesso à informação e à rede de contactos masculina. Acresce ainda o denominado “tecto de cimento”: de acordo com estatísticas apresentadas, 33 por cento das mulheres recusam promoções devido à dificuldade de conciliar trabalho e família.
A cultura de longas jornadas laborais, duplas e triplas (a saber, trabalho, filhos e, muitas vezes, pais inclusive) aliada à ausência da flexibilidade laboral que ainda existe na maioria das empresas, gera stress e consequentes doenças associadas. Salienta-se ainda a verdade nua e crua das diferenças na remuneração entre homens e mulheres (ver caixa).
Para Nuria Chinchilla, as mulheres obedecem a um chamado “horário religioso”: “entramos quando Deus manda e saímos quando Deus quer”. E a verdade é que a troca de menos dinheiro por uma maior flexibilidade começa a ser um dos grandes desejos expressos por muitas mulheres (e até por homens).

Caracolinhos

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