sexta-feira, 1 de maio de 2009

Clara Rojas, antecipando o Dia da Mãe.




Candidata a vice-presidente, Rojas engravidou no cativeiro.
Ela foi separada do pequeno Emmanuel logo após o nascimento dele.

Da France Presse



A recém-libertada refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia Clara Rojas encarna um dos maiores dramas de seqüestro em território colombiano, desde que foi feita refém pela guerrilha em 2002, junto com a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt dando à luz um menino, Emmanuel, de quem foi separada pouco depois de seu nascimento

Rojas, uma advogada de Bogotá, foi seqüestrada em 23 de fevereiro de 2002, quando tinha 38 anos e aparecia na política junto com Betancourt, a então aguerrida senadora e candidata à presidência, da qual também era assessora.

Ambas foram presas quando viajavam pela estrada para San Vicente del Caguán (sul) para um ato de campanha, desobedecendo a advertência do governo sobre o risco de fazê-lo, já que três dias antes havia sido rompido o processo de paz acordado com as Farc por três anos neste enclave rebelde.

Os guerrilheiros disseram a Clara que poderia ir embora, mas ela decidiu acompanhar Betancourt, em uma atitude que sua mãe, Clara González, avaliou como coerente com seu jeito de ser.

Rojas é a caçula de cinco irmãos e a única mulher, e sua vida esteve ligada a Betancourt desde 1991 quando as duas se vincularam ao recém-criado Ministério de Comércio Exterior, na época liderado pelo atual ministro da Defesa Juan Manuel Santos.






Prova de vida

A primeira prova de vida da candidata à vice-presidência veio em julho de 2002, quando as Farc enviaram um vídeo no qual apareceu sentada em uma mesa junto com Betancourt, em silêncio. Uma segunda fita foi divulgada em agosto de 2003 e, nela, Rojas se dirigiu à sua mãe.

Em abril de 2006, o jornalista Jorge Enrique Botero revelou em um livro que a dirigente havia tido um filho, fruto de uma relação consentida com um guerrilheiro.

Botero confirmou o fato com o número dois do grupo armado, Raúl Reyes, e descreveu o parto como um "milagre", devido às condições extremas em que foi feito. "Tudo que aconteceu para que o menino nascesse ultrapassou o limite", contou o jornalista.



Depois de seis anos em poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a advogada Clara Rojas, sequestrada em 2002 com a então amiga Ingrid Betancourt, que era candidata à presidência, diz que se sente feliz e que "se adaptou muito bem à liberdade". A lembrança dos dias no cativeiro já não a atormenta como um pesadelo, mas a colombiana reconhece seu temor pelo destino dos companheiros que continuam na selva.


"A única coisa que me preocupo quando me levanto, depois de dar graças a Deus por estar livre, é com as pessoas que ainda estão sequestradas. É a minha única preocupação", disse a colombiana, durante apresentação do seu livro: "Cautiva, testimonio de un secuestro" (editora Norma), em Madrid, que conta os momentos vividos no cativeiro; entre eles, o nascimento de seu filho Emmanuel, fruto de um relacionamento com um guerrilheiro, e o distanciamento de Ingrid

Acompanhada da mãe Clara González de Rojas, em cadeira de rodas, que tanto lutou para a libertação da filha, a advogada afirmou que está aberta à reconciliação com a franco-colombiana, de quem se distanciou e não voltou a falar, desde a liberação, em janeiro de 2008. "Eu estou aberta a essa possibilidade e, em qualquer momento, sei que é possível que se presente... O canal está aberto", afirmou Clara, que dedica um capítulo de seu livro ("Distanciamento") ao polêmico tema:

"Não posso dizer que tenha ocorrido um fato concreto que rompesse a nossa amizade. Foi mais um distanciamento progressivo, causado pelas circunstâncias adversas", diz um trecho da obra, que mostra que as desavenças começaram após as tentativas frustradas de fuga

A volta à política não está descartada, mas agora, a advogada quer se dedicar ao filho Emmanuel, que acabou de completar cinco anos, ao "trabalho humanitário" para conseguir a liberação dos sequestrados e ao livro que, segundo a autora, não foi fácil escrevê-lo, pela dor de relembrar aqueles anos, mas que serviu como uma terapia.

"Houve momentos muito críticos, drámaticos, duros, mas mantive a esperança e a fé", contou, logo acrescentando que, apesar de todas as dificuldades, tinha um motivo para viver: seu filho.


E é para ele, Emmanuel, de quem se separou logo após nascer no cativeiro, com um braço fraturado, que Clara deixa quatro mensagens. Com a voz pausada e um sorriso que persiste apesar de tanta dor, diz que ele deve ter paciência, buscar a verdade, ser feliz .... e ter em conta que sua mãe lhe quer muito. Faltou falar sobre esperança, mas a história de vida de Clara já é um exemplo prático para o menino.

Gica

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